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Rio Gurgueia em colapso: trecho desaparece com risco de escassez de água

Rio Gurgueia em colapso: trecho desaparece com risco de escassez de água

Semarh


O cenário que antes era marcado por águas correntes e abundantes agora se transformou em uma paisagem de leito seco, sem vestígios de que um dia abrigou um dos mais importantes cursos d’água do Sul do Piauí. Um trecho de 35 quilômetros do rio Gurgueia, vital para o abastecimento humano, a agropecuária e a biodiversidade local, entrou em colapso e desapareceu devido à ação humana, segundo relatório da Secretaria Estadual de Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos (Semarh).


O estudo aponta grave assoreamento no local, comprometendo a fauna, a flora e a economia das cidades ribeirinhas. O Gurgueia, maior afluente do rio Parnaíba, percorre cerca de 535 km, cortando 33 municípios piauienses. Ele nasce em São Gonçalo do Gurgueia e é essencial para a criação de animais, cultivo de grãos e abastecimento da população.

De acordo com o diretor de Recursos Hídricos da Semarh, Felipe Gomes, a área mais degradada está entre Manoel Emídio e Colônia do Gurgueia.

“O relatório identificou 35 km completamente assoreados. Não existe mais rio passando na calha natural. Ele desviou, desapareceu e virou uma grande planície alagada no entorno”, afirmou.

Moradores relatam que a pesca, principal fonte de sustento de muitas famílias, deixou de existir. A agricultura, a pecuária e até o fornecimento de água sofreram impactos severos.

“Quando mexe com água, mexe com uma cadeia inteira e afeta a economia do local. Se as margens fossem preservadas, esse problema seria menor. A Semarh já está acionando prefeitos e comunidades para agir”, destacou Gomes.

Ações emergenciais e alto custo de recuperação

Para restabelecer o fluxo do rio, será necessária a retirada de todo o material acumulado no leito, uma operação de alto custo que ainda está sendo avaliada pelo órgão ambiental.

Obra antiga alterou curso natural do rio

O assoreamento foi agravado por uma antiga obra de ponte construída entre Manoel Emídio e Colônia do Gurgueia. Durante sua execução, o fluxo do rio foi temporariamente bloqueado, causando acúmulo de sedimentos que, com o tempo, funcionaram como uma barreira permanente. O desmatamento das margens intensificou a erosão, tornando o rio raso e alterando drasticamente o ecossistema local.

“Durante a construção da ponte, o rio foi barrado e o material ficou lá. Isso funcionou como uma barragem, acumulando sedimentos até o ponto em que o rio desapareceu”, explicou Gomes.

Hoje, o que antes era um curso d’água perene deu lugar a um lamaçal, sinal de um desastre ambiental que pode levar anos e investimentos significativos para ser revertido.


Fonte: Cidade Verde

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