Preso comum em SP, Maníaco do Parque tem psicopatia nunca tratada
Condenado a quase 270 anos de prisão pelo assassinato de sete mulheres na década de 1990, Francisco de Assis Pereira, conhecido como o Maníaco do Parque, cumpre sua pena em regime comum, mesmo sendo diagnosticado como psicopata.
A legislação brasileira limita as penas em regime fechado a 30 anos, o que significa que ele poderá ser liberado a partir de 2028, sendo tratado como um “preso comum”.
O médico psiquiatra Thiago Fernando da Silva, do Núcleo de Psiquiatria Forense e Psicologia Jurídica do Instituto de Psicologia da USP, alertou sobre os riscos de uma possível reincidência. Ele enfatizou que, embora Francisco apresente múltiplas alterações psiquiátricas, esse aspecto não foi considerado no julgamento, o que, segundo ele, foi um grande erro. O especialista descreveu Francisco como exibindo características típicas de psicopatas, como charme superficial, manipulação e insensibilidade emocional.
Thiago argumentou que, se esses fatores tivessem sido avaliados durante o processo, poderia ter sido oferecido um tratamento para controlar sua impulsividade, mesmo reconhecendo que não há cura para a psicopatia. O tratamento poderia, ao menos, reduzir comportamentos perigosos, aumentando a segurança pública.
O “charme superficial” que o médico mencionou foi uma das táticas usadas por Francisco para se aproximar e seduzir suas vítimas, levando-as a áreas isoladas do Parque do Estado, na zona sul de São Paulo. Devido ao seu estado clínico, ele foi entrevistado por pesquisadores durante seu cumprimento de pena. Uma das entrevistadoras foi a médica Hilda Morana, que, entre 2004 e 2005, o ouviu seis vezes para sua tese de doutorado na USP. Francisco declarou: “Se eu disser que estou arrependido do que fiz, seria mentira. Não estou arrependido.” Ele continuou, explicando que, após os crimes, voltou para casa como se nada tivesse acontecido, embora tenha sentido um arrependimento “falso”, já que repetiu os atos várias vezes. Francisco confessou 11 assassinatos, mas foi condenado por sete deles.
Nesta sexta-feira (1º/11), a Prime Video lançará uma série documental que analisa o processo do Maníaco do Parque, com base em 40 mil páginas de documentação.
Fonte: Metrópoles
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