Oscar 2025: Maria Beltrão é atacada pelo passado do pai na ditadura
A escolha de Maria Beltrão como apresentadora da transmissão do Oscar 2025 pela TV Globo gerou uma onda de críticas nas redes sociais, refletindo o acirrado debate sobre a relação da jornalista com o passado político de seu pai, Hélio Beltrão, figura conhecida por sua conexão com a ditadura militar brasileira. O economista e administrador foi ministro durante os governos de Costa e Silva e João Figueiredo e esteve entre os signatários do Ato Institucional nº 5 (AI-5), que endureceu o regime e cerceou as liberdades civis no país.

A nomeação de Maria Beltrão acontece em um contexto ainda mais sensível, com a crescente repercussão internacional do filme Ainda Estou Aqui, dirigido por Walter Salles. A obra, que retrata a busca de Eunice Paiva (interpretada por Fernanda Torres) por seu marido, o ex-deputado Rubens Paiva, desaparecido durante a ditadura, foi indicada a três prêmios Oscar 2025, incluindo Melhor Filme Internacional e Melhor Atriz para Fernanda Torres. A coincidência entre a escolha de Maria para um evento de tamanha magnitude e o sucesso do longa, que aborda um dos períodos mais sombrios da história do Brasil, provocou reações acaloradas nas redes sociais.
A polêmica gerou uma série de críticas. “Como a TV Globo escolheu a filha de um signatário do AI-5 para apresentar o Oscar, que pode premiar Ainda Estou Aqui? Escárnio”, disse um usuário no Twitter. Outro comentário mais incisivo questionou o posicionamento de Maria: “Ela ser filha de um signatário do AI-5 não diz nada sobre ela. O que diz muito são as falas elitistas e reacionárias dela. Infelizmente, ela e o irmão continuam a mesma ideologia do pai!”

Apesar das críticas, há quem defenda Maria Beltrão, destacando sua trajetória profissional e separando sua atuação jornalística do passado político de seu pai. “Maria Beltrão é uma jornalista competente e não representa as atitudes de seu pai. Se for para caçar fantasmas, que comecem com os responsáveis pelo golpe de 8 de janeiro”, argumentou um perfil defensor de sua nomeação. Outros ressaltaram a experiência da jornalista. “Ela já apresenta o Oscar há décadas. A Globo adora uma polêmica, e qualquer evento de grande visibilidade gera repercussão, seja positiva ou negativa”, lembrou um internauta, destacando o histórico de Beltrão em grandes transmissões.
A nomeação de Maria Beltrão para apresentar o Oscar 2025, que promete atrair a atenção de milhões de telespectadores, se tornou um tema controverso nas redes sociais, com vozes a favor e contra. Este episódio reflete as tensões políticas e sociais ainda latentes no Brasil, especialmente quando o passado histórico se cruza com o presente, trazendo à tona debates sobre a memória, a responsabilidade e a relação entre os indivíduos e suas famílias.
A TV Globo, por enquanto, não se pronunciou oficialmente sobre a controvérsia. Entretanto, é certo que, ao ser escolhida para comandar uma das maiores premiações do cinema mundial, Maria Beltrão seguirá no centro de um debate que vai além da tela e envolve questões complexas sobre a história política do Brasil e os legados de um regime autoritário.
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