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Museu dos Povos Indígenas do Piauí é guardião de história, cultura e resistência

Museu dos Povos Indígenas do Piauí é guardião de história, cultura e resistência

Desde sua fundação em 2016, como uma iniciativa comunitária, o Museu dos Povos Indígenas do Piauí – Anízia Maria (MUPI) tem sido um marco na preservação e valorização da cultura indígena do estado. Localizado na comunidade Nazaré, no município de Lagoa de São Francisco, o museu surgiu com o propósito de dar visibilidade às etnias Tabajara e Tapuio Itamaraty, mas, ao longo dos anos, expandiu suas fronteiras para incluir diversas outras etnias indígenas do Piauí.


Uma História de Expansão e Inclusão

Em 2023, o MUPI conquistou um novo espaço físico, ampliando suas instalações com o apoio do Sistema Estadual de Incentivo à Cultura (Siec). Atualmente, o museu representa etnias como Kariris de Serra Grande e Batemaré, Tabajaras de Piripiri, Warao de Teresina, Guajajara, Akroá Gamela, Gueguês, entre outras. Mais do que um local de preservação de artefatos, o MUPI é um ponto de conexão com a espiritualidade, memórias ancestrais e a vivência contínua das culturas indígenas.

Acervo e Atividades Educativas

O museu oferece aos visitantes uma rica experiência educativa e histórica. Com peças que refletem a cultura material indígena, como objetos artesanais e registros históricos, o MUPI conta com diversas atrações, como:

  • Galeria de Imagens: Fotografias que retratam a vivência e as lutas dos indígenas do estado.
  • Sala de Oficinas: Espaço para atividades de artesanato, pintura e rodas de conversa.
  • Lojinha de Artesanato: Produtos confeccionados por artesãos indígenas, gerando renda para as comunidades.
  • Oca Ritualística: Local para práticas espirituais, como o Toré, com acesso em datas específicas.
  • Oca da Farinhada: Estrutura educativa sobre o processo de produção da farinha, desde a mandioca até o beiju.
  • Oca da Tecelagem: Oficina de trançado e técnicas tradicionais de tecelagem.
  • Oca das Trocas de Saberes: Espaço de reunião, oficinas e troca de conhecimentos ancestrais.
  • Canteiros de Ervas Medicinais: Cultivo de plantas usadas na medicina tradicional indígena.

Além disso, o museu mantém um laboratório de pesquisa com computadores, livros e materiais históricos sobre os movimentos indígenas no estado.

Reconhecimento e Impacto

O MUPI tem conquistado crescente reconhecimento. Em 2024, mais de 3 mil pessoas visitaram o espaço, com destaque para as visitas de escolas, que ocorrem principalmente em abril e agosto, meses em que as visitas temáticas sobre cultura indígena são agendadas. A entrada tem um custo simbólico de apenas R$ 3, e os visitantes são guiados por voluntários que explicam as peças e promovem uma rica troca de saberes.

Uma Memória Viva

Para a comunidade, o MUPI é muito mais que um museu: é um espaço de resistência e valorização cultural. Os “troncos velhos”, como são chamados os anciãos, têm um papel fundamental na transmissão oral de histórias e saberes. O local também serve de inspiração para outras comunidades indígenas, incentivando a criação de seus próprios museus.

Dinayana Tabajara, diretora do MUPI, afirma: “Nossa missão principal é fazer com que a história que foi silenciada durante tanto tempo hoje seja ouvida, sentida e vivenciada.”

Perspectivas para o Futuro

Em 2025, o MUPI pretende expandir suas atividades para outras comunidades indígenas, levando um pouco da experiência do museu a novos territórios. O objetivo é fortalecer a identidade indígena em todo o estado, preservando a memória dos antepassados e promovendo a cultura indígena de forma contínua.

O Museu dos Povos Indígenas do Piauí segue firme como um espaço de resistência, aprendizado e valorização cultural, cumprindo seu papel de resgatar e celebrar histórias que, por muito tempo, foram silenciadas.

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