Ministra Marina Silva enfrenta oposição em audiência no Senado e denuncia tentativa de silenciamento

Foto: Reprodução – Instagram Marina Silva
A audiência pública no Senado para discutir mudanças na legislação do licenciamento ambiental se transformou em palco de embate político e ataques direcionados à ministra do Meio Ambiente, Marina Silva. A sessão, marcada para discutir um tema técnico, acabou dominada por falas agressivas, interrupções e episódios de desrespeito.
O principal confronto se deu entre Marina Silva e o senador Marcos Rogério (PL-RO), que presidia a audiência. Em diversos momentos, Rogério cortou o microfone da ministra e falou com ironia, deslegitimando suas falas. Diante da postura do senador, Marina reagiu: “O senhor quer que eu seja uma mulher submissa. Eu não sou”. A fala provocou tensão imediata na sessão, e Rogério rebateu de forma autoritária: “Me respeite, ministra, se ponha no teu lugar”.
A frase foi interpretada como tentativa de silenciamento e submissão de uma mulher em cargo de liderança. A senadora Eliziane Gama (PSD-MA) foi a única a sair em defesa da ministra, mas também teve seu microfone cortado por Marcos Rogério.
Conflito com outros senadores e abandono da sessão
A situação ficou ainda mais tensa após a ministra bater de frente com os senadores Omar Aziz (PSD-AM) e Plínio Valério (PSDB-AM). Marina exigiu um pedido de desculpas de Valério para continuar na audiência, relembrando uma fala anterior do parlamentar, em que ele afirmou ter tido vontade de “enforcá-la” durante outra sessão, em março. O pedido não foi atendido e Marina decidiu deixar o plenário.
Antes de encerrar sua participação, a ministra criticou o comportamento dos parlamentares:
“Respeito todos, mas não aceito que digam quem sou ou onde é meu lugar. Meu lugar é na defesa do meio ambiente e da democracia.”
Ela ainda fez um apelo à imprensa, apontando que sua experiência reflete a realidade de muitas profissionais mulheres:
“O que aconteceu hoje muitas jornalistas já viveram no governo anterior. É a mesma tentativa de silenciar quem faz seu trabalho.”
Governo Lula reage e promete apoio
A ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, classificou o episódio como um ataque à mulher e à cidadã:
“Foi um ataque desrespeitoso não só à ministra, mas à mulher e à cidadã.”
A manifestação reforça a posição do governo Lula, que vem apoiando Marina Silva diante da pressão política e dos ataques sofridos no Congresso.
Questionada sobre possíveis medidas legais, Marina respondeu que sua equipe já analisava as falas anteriores dos senadores e que o agravamento da situação pode levar à judicialização:
“Avaliaremos nossos direitos.”
Licenciamento ambiental em disputa
Por trás da tensão política está o avanço, no Senado, de uma proposta que modifica as regras de licenciamento ambiental. Marina criticou duramente o projeto:
“Eles pensam que estão agredindo uma pessoa, estão agredindo um povo, o futuro de um povo.”
A ministra reafirmou o compromisso com o diálogo e com um modelo de desenvolvimento sustentável:
“Seguiremos dialogando com todos os setores para um licenciamento ágil, mas qualificado.”
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