Entenda armadilha contra dengue que será implementada em BH e Contagem

As Estações Disseminadoras de Larvicida (EDL) serão instaladas em Belo Horizonte e Contagem como parte de uma nova abordagem para combater o mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, zika e chikungunya. A ação, que ainda não tem data definida, foi divulgada pela ministra da Saúde, Nísia Trindade, no dia 10, juntamente com outras iniciativas para o setor em Minas Gerais.
A estratégia atua como uma armadilha para o mosquito. Ao entrar em contato com a estação, o mosquito é exposto ao larvicida, que é liberado em todos os locais que ele visitar.
A armadilha consiste em um recipiente plástico com água, coberto por um tecido preto umedecido e impregnado com um larvicida em pó bem fino.
De acordo com o pesquisador em saúde pública da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Sergio Luz, a estação é colocada em locais estratégicos e conhecidos por serem pontos onde a fêmea do mosquito coloca os ovos.
De acordo com o pesquisador em saúde pública da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Sergio Luz, a estação é colocada em locais estratégicos e conhecidos por serem pontos onde a fêmea do mosquito coloca os ovos.
Quando a fêmea do mosquito pousa na armadilha, ela se contamina com o larvicida e passa a “transmiti-lo” para todos os focos que visita em seguida.
De acordo com o pesquisador da Fiocruz, o Aedes aegypti não deposita todos os seus ovos em um único local, o que torna a estratégia ainda mais eficiente. Normalmente, o trabalho de aplicação de larvicidas é realizado por um agente de campo que visita as residências e, se necessário, aplica o produto. Para Sergio Luz, as estações disseminadoras complementam esse trabalho de campo.
Ele, no entanto, aponta que um dos grandes problemas na operação de controle do Aedes aegypti é a dificuldade de acesso aos focos. “Muitas pessoas trabalham, e os agentes encontram as casas fechadas. As pessoas não abrem as portas por medo de violência e áreas de terreno baldio, por exemplo. Então, você tem locais nos quais é difícil saber onde estão os criadouros do mosquito, e ninguém melhor que o próprio mosquito para poder fazer essa identificação”, explica o pesquisador em saúde pública.
Testes apontaram redução de 30% nos casos de dengue
A armadilha foi desenvolvida em uma parceria da Fiocruz Amazônia e do Ministério da Saúde e testada em Belo Horizonte entre 2016 e 2019 na Região Noroeste. Conforme Sérgio Luz, os resultados foram positivos e indicaram uma redução de cerca de 30% nos casos de dengue nos nove bairros testados se comparado a outras regiões da capital mineira. De acordo com o pesquisador, o controle vetorial, ou seja, do agente causador da doença, é uma das formas de diminuir os casos.
De acordo com o ministério da Saúde, as EDL são indicadas para locais com grande concentração populacional e de difícil acesso para controle vetorial, como as periferias. “O Governo Federal lançou, em setembro de 2024, um Plano de Ação para Redução da Dengue e outras Arboviroses com recomendações para o controle de doenças no país.
Desde então, todos os estados foram treinados para implementação de novas tecnologias de controle vetorial, inclusive com atividades práticas para a estratificação de risco intramunicipal”, afirmou a pasta em nota.
A pasta também informou que adquiriu cerca de 1 milhão de EDL. Segundo o Ministério da Saúde, os dispositivos estão sendo enviados para estados e municípios conforme as solicitações. O anúncio feito no início do mês revelou que Belo Horizonte e Contagem estão entre as cidades que deverão receber as estações.
Ao Estado de Minas, a Prefeitura de Contagem indicou que o município está em “tratativas com o Ministério da Saúde e a Fiocruz sobre as estações disseminadoras de larvicida para o combate do mosquito Aedes aegypti.”
Estratégias precisam ser combinadas
Além das Estações Disseminadoras de Larvicidas, a ministra Nísia Trindade anunciou a expansão do método Wolbachia e Borrifação Residual Intradomiciliar em áreas estratégicas. De acordo com o avaliador de projetos pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e professor titular do departamento de parasitologia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Álvaro Eiras, é importante que as estratégias de combate ao mosquito estejam conectadas.
“A Estação Disseminadora de Larvicida é uma ferramenta a mais. Para resolver o problema, é preciso ter mais de uma tecnologia. É preciso integrar as estratégias para que elas sejam mais eficazes”, afirma Álvaro Eiras.
No ano passado, Minas Gerais registrou 1,7 milhão de casos prováveis de dengue e 1.121 óbitos confirmados. Apenas em Belo Horizonte, foram cerca de 200 mil casos.
Fonte: Estado de Minas
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